Renan Silva dos Santos (16 anos)
3° ano(02) do Curso Técnico de Turismo
Escola Maria Rita Flor (2010)
Meu avô nasceu em 1940, e conta que a brincadeira de boi de campo na comunidade de Bombinhas era totalmente diferente do que é hoje em dia, transformada em Farra do Boi e até proibida por lei.
O boi era criado na serra catarinense e vinha tocado a cavalo por vários dias pelo Seu Valter tropeiro, homem que residia em Bombinhas, e ia buscar os bois no alto da serra ( geralmente em São Joaquim e Lajes). A brincadeira do boi começava geralmente no mês de janeiro; mais a época que todo mundo saia de casa para brincar, era apenas na semana santa.
Ele conta que era uma forte tradição e consideravam uma brincadeira que despertava muito medo em homens e mulheres “somente os mais corajosos se arriscavam a brincar com o boi”.
O que muita gente já ouviu falar e não faz idéia de como se brincava, era a brincadeira de boi na vara; meu avô Aristides conta que os homens iam na mata, pegavam uma vara grande de árvore chamada “laminzeiro”, árvore resistente que envergava e não quebrava. Com um laço de couro de 12 braças (aproximadamente 25 metros) eles amarravam uma ponta na cabeça do boi e a outra no alto da vara cravada no chão... E ali eles brincavam como o Boi preso na vara - nem que era só pra olhar!
Outra brincadeira também não muito conhecida pelos mais jovens é a brincadeira do boi no laço, acontecia geralmente quando o boi se soltava da vara, quando isso acontecia, tinha um cavaleiro que laçava o boi e o povo brincava enquanto o cavaleiro prendia o boi para ele não se soltar - era responsabilidade do cavaleiro, pois se o boi se soltasse era muito perigoso e difícil de pega-lo de novo” era dele o dever de cuidar para que isso não acontecesse! Assim, todos ficavam esperando pelo próximo ano e a brincadeira recomeçar.
Aristides Casimiro da Silva,
Mestre da sabedoria popular
Projeto Ação Nacional Griô
Escola Maria Rita Flor
Instituto Boimamão
Colaboração: Tainá da Silva (17 anos) Filmagem
3° ano (02) do Curso Técnico de Turismo
Escola Maria Rita Flor (2010)